Amniocentese

09-01-2011 12:00

Já lhe chamaram "a janela da gravidez", pois permite aos médicos "espreitar" para o interior do corpo da futura mãe para verificar oa saúde da criança que nela se desenvolve. O exame implica a análise de uma amostra do líquido amniótico que envolve a criança dentro do útero. Como o líquido contém células do feto, o exame fornece dados importantes sobre o estado do bebé. Porém, a amniocentese pode apenas predizer algumas das lesões possíveis à nascença, não todas, e comporta riscos que, embora ligeiros, têm de ser ponderados. 

O que pode informar

A amniocentese é quase 100% rigorosa na detecção de anomalias cromossómicas, como a síndroma de Down, causadora de atraso mental. Pode ainda denunciar certas perturbações genéticas no feto, como a falta de um enzima ou quaisquer defeitos no tubo neural, que impedem o desenvolvimento do encéfalo ou da medula espinal do feto. Por vezes, a amniocentese é efectuada em fases mais avançadas da gravidez para avaliar o desenvolvimento dos pulmões da criança, no caso de ser necessário um parto prematuro. Pode ainda ser utilizada para acompanhar um feto afectado por incompatibilidade do factor Rh, uma doença do sangue. Graças à amniocentese, podem iniciar-se tratamentos da doença de Rh com o feto ainda no útero. Se ouver outros problemas, o planiamento de atitudes especiais na altura do parto pode ajudar a criança a sobreviver. Os resultados dos exames podem ainda a ajudar os pais a tomarem decisões sobre o futuro da gravidez ou a prepará-los melhor para quando a criança nascer.

Os riscos

A amniocentese é em geral realizada entre a 12.ª e a 14.ª semanas de gravidez. Demora cerca de 15 minutos e envolve a inserção de uma agulha no útero através da parede abdominal da mãe e a colheita de uma amostra do líquido amniótico. O médico orienta-se por ultra-sons, observando num ecrã a posição da agulha no interior do útero. Alguns pacientes qeixam-se cãibras ligeiras durante ou após a intervenção. A análise do líquido demora duas a quatro semanas. São raros os problemas, e tão menos prováveis quanto mais experiente é o médico. Apesar disso, o exame aumenta ligeiramente na mãe o risco de infecção, de hemorragia vaginal ou de perda de líquido. Existe também o risco de aborto. Antes do exame,o médico deverá esclarecer os casais acerca dos riscos envolvidos e das implicações dos possíveis resultados. A conjugação da ecografia com a amniocentese permite ao médico verificar a posição do bebé e dirigir correctamente a agulha.

Um pouco de bom senso

Pense na amniocentese...

  •  Se a mãe tiver mais de 35 anos.(O risco da síndroma de Down aumenta com a idade da mulher.)
  • Se houver já na família, principalmente num irmão, certos defeitos congénitos.
  • Se o sangue da mãe tiver um nível anormal de alfa-fetoproteína produzida pelo feto. Um nível abaixo pode indiciar síndroma de Down; um nível alto, defeito do tubo neural.

Futuro próximo

Estão em desenvolvimento análises de sangue sofisticadas e formas avançadas de ultra-sons que poderão fornecer algumas informações obtidas pela amniocentese - com menos riscos. Poderão além disso, ser feitas numa fase mais precose da gravidez, disponibilizando assim mais cedo informações cruciais.

 Elisabete Pereira